sábado, 12 de fevereiro de 2022

Com Certeza Não Cometi Uma Heresia / Gual Gualberto Costa


     Vou transgredir ao pedido feito para escrever sobre o Salão Internacional de Humor de Caratinga e só irei falar do Élcio Danilo Russo Amorim, mais conhecido no mundo do cartum como EDRA. 
    Falar de Salão de Humor, temos obrigatoriamente que citar Fernando Coelho, o criador do primeiro, o Salão Mackenzie de Humor e Quadrinhos de 1973. Outros nomes são ligação direta aos mais importantes salões de humor do Brasil. Zetti, a Maria Ivete Araújo, e seus muitos anos dedicados às melhores edições do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Albert Piauhy que alargou as fronteiras do humor gráfico do país, colocando o Norte e Nordeste na geografia do cartum e da charge, com seu lendário Salão Internacional de Humor do Piauí. A brava resistência de Alexandre Clemente em perpetuar o Salão Internacional de Humor de Volta Redonda. 
    E o EDRA, que com poucos recursos, sempre batalhou com criatividade, e muitas vezes com verba do próprio bolso, para que seu salão não devesse nada aos maiores do mundo. Sempre com seu sorriso tímido e sua inseparável boina na cabeça, é figurinha carimbada em todos os eventos do humor gráfico no Brasil, tornando-se um especialista no assunto e em condições de renovar as fórmulas tradicionais. O Salão de Caratinga sempre se destacou pelas homenagens, primeiro ao conterrâneo Ziraldo, que fez a maioria dos cartazes do salão, e depois ao Zélio, Agnaldo Timóteo, Ruy Castro e Miriam Leitão, que também são seus concidadãos de Caratinga. Mas as homenagens ao Ziraldo foram além do possível, embora fundamental pela envergadura de nosso maior artista gráfico. Num país sem museu e espaços permanentes dedicados as artes gráficas, ele criou a “Casa Ziraldo de Cultura”, foi o fundador da Gibiteca Turma do Pererê e editou para a Melhoramentos o Livro “Ziraldo 85 – Ao Mestre com Carinho”, que foi premiado no 31º troféu HQMIX e resultou em uma exposição com o mesmo nome. 
    Mas as homenagens neste ano chegaram ao auge, com o reconhecimento e a premiação de importantes nomes do humor gráfico, 59 ao todo, além da criação de uma categoria com caricaturas de humorista gráficos. Neste ano eu e o JAL também fomos homenageados com o título de “Festival Jal&Gual”, e obviamente me senti muito orgulhoso, mas não tenho roupa para tal honraria. 
    EDRA, além do que já mencionei, é um fértil cartunista, só no Diário de Caratinga permaneceu por 13 anos, além da importante passagem pelos Jornais Correio Braziliense, Jornal de Brasília e Correio do Brasil. É autor de 27 livros e recebeu premiações em vários salões de humor do Brasil e do exterior. 
    Conhecido também por suas inumeráveis “selfies”(talvez o criador), tão em moda nos dias de hoje com os smartphones, arrebanhando nestas últimas décadas uma coleção invejável de fotos com os mais importantes artistas e os novíssimos, aqueles que em curto tempo ainda serão famosos e a quem dedica com seu salão todo o seu idealismo: Revelar os novos talentos. 
    Por tudo que já dedicou à arte do humor gráfico, não seria mais o caso de homenageá-lo, mas sim canonizá-lo. 
    Salve, Salve Santo EDRA, o protetor dos cartunistas!

Gualberto Costa
Editor e Pesquisador

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