A Visão do Cartunista Edra sobre o Salão de Humor de Caratinga |
Em 1978, tive uma imensa alegria quando fui selecionado para o Salão de Humor de Piracicaba. Aos 18 anos, esta participação foi muito significativa pra mim; foi a primeira vez que mandei um desenho para um salão de humor, e ser classificado justamente num dos melhores salões do mundo, me encheu de vida!
Foi no mesmo ano em que cheguei a Brasília, à procura de trabalho, com minha pasta de desenhos a tira colo, mas que ainda não havia mostrado pra ninguém, a não ser meus pais e irmãos. Ganhei confiança.
Morando no interior, sem a visibilidade que hoje nos permite a internet e limitado às pouquíssimas revistas que eram publicadas na época, ver um desenho meu publicado num jornal era um sonho muito distante, quase inacessível.
Pois, traduzir minhas idéias em traços, sem ter acesso a nenhum original e sem conhecer algum profissional da área que pudesse me passar dicas, tornava meu universo muito limitado e minha introspecção mais aguda. Não tinha parâmetro, o que acentuava também minha timidez. Fazia meus desenhos e engavetava, tinha vergonha...
Mas, dois anos depois, trabalhava como chargista no Correio Braziliense, um dos maiores jornais do país. Nos anos seguintes, já contabilizava inúmeras participações em salões de humor no Brasil e mundo afora, inclusive abocanhando algumas premiações. Participar dos salões de humor abriu meus horizontes, pautou a minha criatividade, desatou as minhas amarras, oferecendo oportunidades que nem imaginava. Talvez por isso, depois de alguns anos como cartunista profissional, realizar um salão passou a borbulhar na minha mente e ser uma obsessão mesmo que ainda não tivesse visitado algum pessoalmente, sem a mínima noção de como era sua dinâmica.
No entanto, tinha a convicção de uma coisa: "o salão era uma ferramenta que podia alavancar o potencial de muitos jovens dos mais longínquos lugares, pois ele oferece ao iniciante um leque de técnicas e estilos dos mais variados, o contato direto com o artista do ramo, servindo ainda de vitrine e estímulos, que se não chegam a tempo hábil, podem sepultar um sonho” . E mentalizava: "tem ser realizado em Caratinga, aqui na minha cidade natal, a terra de Ziraldo". Realizei o primeiro em 1988, sem conhecer, de perto, nenhum salão.
Hoje, com a graças de Deus, nosso salão atinge a expressiva marca de onze edições. Embora seja realizado de forma artesanal, enfrentando dificuldades operacionais e geográficas de acesso, atinge os mesmo objetivos que outros com infra estrutura, dando visibilidade aos novatos, revelando grandes talentos e tendo a honra da participação de grandes cartunistas. Figura entre os melhores do Brasil, em qualidade e longevidade. Tem a simpatia dos cartunistas e, principalmente credibilidade entre os participantes e patrocinadores.
É assim que, hoje, analiso o salão de humor. Uma vez aberta a cortina do espetáculo que traz entretenimento, cultura, conhecimento para os que estão na plateia, serve de palco para que os artistas, cada qual com suas dificuldades, seus anseios e suas necessidades - possam expressar em igualdade de condições sua vocação e levar sua arte onde o povo está.
Foi no mesmo ano em que cheguei a Brasília, à procura de trabalho, com minha pasta de desenhos a tira colo, mas que ainda não havia mostrado pra ninguém, a não ser meus pais e irmãos. Ganhei confiança.
Morando no interior, sem a visibilidade que hoje nos permite a internet e limitado às pouquíssimas revistas que eram publicadas na época, ver um desenho meu publicado num jornal era um sonho muito distante, quase inacessível.
Pois, traduzir minhas idéias em traços, sem ter acesso a nenhum original e sem conhecer algum profissional da área que pudesse me passar dicas, tornava meu universo muito limitado e minha introspecção mais aguda. Não tinha parâmetro, o que acentuava também minha timidez. Fazia meus desenhos e engavetava, tinha vergonha...
Mas, dois anos depois, trabalhava como chargista no Correio Braziliense, um dos maiores jornais do país. Nos anos seguintes, já contabilizava inúmeras participações em salões de humor no Brasil e mundo afora, inclusive abocanhando algumas premiações. Participar dos salões de humor abriu meus horizontes, pautou a minha criatividade, desatou as minhas amarras, oferecendo oportunidades que nem imaginava. Talvez por isso, depois de alguns anos como cartunista profissional, realizar um salão passou a borbulhar na minha mente e ser uma obsessão mesmo que ainda não tivesse visitado algum pessoalmente, sem a mínima noção de como era sua dinâmica.
No entanto, tinha a convicção de uma coisa: "o salão era uma ferramenta que podia alavancar o potencial de muitos jovens dos mais longínquos lugares, pois ele oferece ao iniciante um leque de técnicas e estilos dos mais variados, o contato direto com o artista do ramo, servindo ainda de vitrine e estímulos, que se não chegam a tempo hábil, podem sepultar um sonho” . E mentalizava: "tem ser realizado em Caratinga, aqui na minha cidade natal, a terra de Ziraldo". Realizei o primeiro em 1988, sem conhecer, de perto, nenhum salão.
Hoje, com a graças de Deus, nosso salão atinge a expressiva marca de onze edições. Embora seja realizado de forma artesanal, enfrentando dificuldades operacionais e geográficas de acesso, atinge os mesmo objetivos que outros com infra estrutura, dando visibilidade aos novatos, revelando grandes talentos e tendo a honra da participação de grandes cartunistas. Figura entre os melhores do Brasil, em qualidade e longevidade. Tem a simpatia dos cartunistas e, principalmente credibilidade entre os participantes e patrocinadores.
É assim que, hoje, analiso o salão de humor. Uma vez aberta a cortina do espetáculo que traz entretenimento, cultura, conhecimento para os que estão na plateia, serve de palco para que os artistas, cada qual com suas dificuldades, seus anseios e suas necessidades - possam expressar em igualdade de condições sua vocação e levar sua arte onde o povo está.
Cartunista Edra
Realizador do Salão de Humor de Caratinga
Diretor da Casa Ziraldo de Cultura
Presidente da Estação Cultural de Caratinga
Membro do MAC - Movimento Amigos de Caratinga
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