quarta-feira, 27 de março de 2019

Salão Nacional de Humor de Caratinga / 2007 RETROSPECTIVA 02

A Revista HUAI teve apresentação do cartunista Zélio:

A PRAGA DOS SALÕES DE HUMOR


Nestes dias um grupo de interessados tem se reunido em São Paulo com o propósito de montar uma grande exposição que reúna trabalhos e documentos que registram o surgimento do primeiro Salão de Humor e Quadrinhos no Brasil. Esta iniciativa coube ao Diretório dos Estudantes da Universidade Mackenzie de São Paulo, em 1973, quando me procuraram com esta idéia louca. Anos antes havia sido promovido, na mesma universidade, uma mostra de caricaturas com grande sucesso. 
 Tomando este evento como parâmetro evoluiu-se até o formato que hoje, grosso modo se mantém nos principais Salões realizados no país, cerca de duas dezenas. O que nos serviu de referência, nos dias em que formatávamos os primeiros eventos do gênero (1974 viu surgir o Salão Internacional de Piracicaba, o pai de todos), foi o Salão Internacional de Lucca, na Itália. Este envolvia com destaque além do humor gráfico, o cinema de animação. Naqueles anos eu trabalhava mais intimamente com animação, estava realizando meu segundo filme, "Amor Mor". Na verdade, para o projeto de Piracicaba estava programada uma mostra paralela "hors-concours" de cinema de Animação desde a primeira edição e que nunca se realizou, apesar de algumas tentativas, ao longo dos últimos 34 anos. 
 Assim começou no Brasil, conforme se tem notícia, essa praga de Salões de Humor. Uma praga boa que tem permitido a sobrevivência de talentos sem espaço nas mídias e que confirma a conhecida tradição de bons cartunistas e chargistas no país, simbolizando o jeito brasileiro irônico e despreocupado de ser.   Felizmente a saudável mania de criar um Salão de Humor seguiu meus passos ao contrário e foi dar com os costados em Caratinga, através de um louco manso de nome Edra. Mais um artista que já nasceu com pseudônimo, faltava apenas justificá-lo e Edra faz isso diariamente, inclusive se envolvendo na exaustiva operação de manter vivo um evento, entre nós, dando-lhe sentido e enobrecendo sua existência. 
 Agora, com a edição desta publicação oito-em-um ele resume sua saga e a história de um evento. De maneira inteligente e coerente. Eis aqui, nesta publicação leitor amigo, o sumo da fruta que os dedicados cartunistas do país plantam e colhem, ao longo das últimas décadas. Saboreie-o sem moderação.

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